Mesmo no Stefanini Group, uma empresa de tecnologia, há resistência do time para adotar novas tecnologias, como a Inteligência Artificial. “A gente já trabalha com IA há 12 anos. A gente tinha nosso motor, como se fosse nosso próprio Chat GPT, e, quando sai o Chat GPT, em dezembro de 2022, acontece uma mudança de patamar. Ele acelera muito a potência do motor, matando vários outros, inclusive o nosso, e ele populariza a IA. Desde o começo do ano passado, eu venho empurrando a empresa para praticamente em todas as áreas a gente incluir IA, mas a gente percebe que o nível de adoção é lento. São poucos os casos ainda de adoção massiva, que fez mudar a forma de trabalhar. Eu vejo que daqui para um ano será a hora da massificação da IA”, falou Marco Stefanini, CEO Global e fundador da Stefanini Group, durante o painel “IA Generativa – mais um buzzword?”, no MMA Impact 2024.
Assim como aconteceu com a transformação digital e a internet, a chegada da Inteligência Artificial traz desafios. “Não é que a gente gosta da crise. Tem coisas na vida que você tem que conviver e administrar. Como comecei minha carreira na crise, fui criando resiliência. Toda crise é sinônimo de oportunidade. Como nosso assunto aqui, a IA. É uma ameaça, sim, mas ao mesmo tempo tem uma série de oportunidades. Tudo depende de como você vai enxergar. Eu procuro enxergar o meio copo cheio”, contou.
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Segundo o executivo, no exterior, a sua empresa é uma desafiante e, quando há crise, é o momento que as grandes companhias começam a pensar diferente e hora de ele agir. “Em time que está ganhando não se mexe. Quando chega a crise, o time começa a perder e as empresas começam a buscar alternativas, e a nossa chance de entrar é maior”, disse, explicando que o grupo cresceu muito em dois momentos difíceis da economia: 2008/2009 e na pandemia.
“O mercado corporativo é muito conservador. Quanto maior a empresa, mais conservadora ela vai ser e mais vai trabalhar por silos porque a estrutura é muito grande e isso atrapalha qualquer mudança. Para tocar o dia a dia, seguir na inércia, a empresa vai bem, mas para adotar grandes mudanças a situação fica mais desafiadora”, explicou. A adoção ainda fica mais lenta em mercados regulados, como seguro e bancos, por exemplo, segundo o executivo.
Stefanini também falou sobre a necessidade de se criarem regras para usar a IA. “A gente tem que trabalhar no equilíbrio. Existe, sim, uma necessidade de regulação. O detalhe é o meio termo, não ser contaminado por excessos. É um movimento positivo em muitos aspectos: a IA pode acelerar a qualidade de vida das pessoas, melhorar o perfil de trabalho, mas, do lado negativo, influencia em eleição, tem fake news, algo que tem de ser combatido. Se você regular demais, você mata a inovação. Tem que chegar no meio termo”, afirmou.
O executivo encerrou sua participação dando dicas para ajudar as empresas na adoção da Inteligência Artificial. “Primeiro, qualquer mudança só é viabilizada se tiver um envolvimento enorme da liderança. O segundo ponto é disseminar na empresa, mas quem lidera o processo é o cara do negócio, não de IA. Tem que ter uma turma de IA que vai apoiá-lo, mas quem vai entender os grandes ponteiros para mexer é o cara do negócio. Terceiro, é escolher áreas que vão fazer diferença. Criar um MVP e testar em áreas centrais, não periféricas. Por fim, criar incentivos e medições”, concluiu.