A pesquisa Panorama Conectades, feita pela Hibou Pesquisas e Insights a pedido da MMA Latam, mostrou que as mudanças sob a ótica da diversidade e inclusão não são unanimidade e estão mais no campo do discurso do que no da ação. Segundo o estudo, para 22% dos empresários/diretores e 30% dos colaboradores, não houve mudanças práticas no tema nos últimos anos nas empresas em que trabalham.
O assunto diversidade e inclusão ainda não parece ser uma das prioridades no mundo corporativo. Quando questionados se a empresa se preocupava com a diversidade e inclusão, 49% dos empresários/diretores e 41% dos colaboradores responderam que a companhia não abordava muito ou não se preocupava com o assunto.
Embora exista a consciência do que deve ser feito, nem sempre há ações concretas. “Na verdade, é uma curva de aprendizado ainda morosa. A voz é o primeiro passo para a efetivação. O que percebemos é que a atitude possui um passo mais lento que poderia ser impulsionado por movimentos mais críveis e que visassem resultados práticos e não só institucionais, que, entende-se, é o começo, mas é preciso seguir”, sugere Ligia Mello, sócia e CSO da Hibou.
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Quando os entrevistados foram questionados sobre a opinião pessoal deles a respeito do tema, a resposta que teve mais adesão foi a de que “mais que discutir, é preciso agir urgentemente”, sendo a opção de 39% dos empresários/diretores, 50% dos colaboradores e 43% dos consumidores. A segunda mais respondida foi “hoje em dia, essa discussão é apenas uma plataforma de imagem/política, nada mais”, escolhida por 26% dos empresários/diretores, 19% dos colaboradores e 30% dos consumidores.
Participação feminina
Na prática, a mudança mais vista nas empresas é a participação feminina. Segundo o estudo, a maior presença de mulheres entre colaboradores em geral nas empresas é apontada como uma mudança prática percebida por 22% dos empresários/diretores e 26% dos colaboradores e ter mais mulheres em cargos de decisão foi citado como mudança percebida nas companhias por 15% dos empresários/diretores e 25% dos colaboradores em geral.
“As ações que incluem mulheres são as mais vistas porque é por onde a diversidade ganhou tração ou força junto às empresas. As mulheres foram/são o abre-alas dentro do modelo. Elas já galgaram alguns passos a mais, é questão de oportunidade gerada”,explica a executiva.
Os grupos de Diversidade & Inclusão mais abordados nas empresas são os de jovens/aprendizes (42%), pretos (36% para empresários/diretores e 38% para colaboradores) e mulheres (35% para empresários/diretores e 38% para colaboradores). Para os colaboradores, o grupo de LGBTQIAP+ também é um dos mais abordados, já que 36% dos entrevistados o citou.
O Panorama Conectades mostrou ainda que não há muitos programas de monitoramento da diversidade e inclusão nas empresas. Segundo 23% dos empresários/diretores e 18% dos colaboradores, não há nenhum monitoramento nas companhias. 37% dos empresários/diretores e 18% dos colaboradores apontaram que o monitoramento é igual para todos. “Empregar alguém dentro do grupo de diversidade não quer dizer que está tudo bem. O que vimos é que as empresas se preocupam na visão do empresário com todos os novos colaboradores por isso é igual para todos, seja do grupo de diversidade ou não. É preciso acompanhar o movimento, entender a rotina, possíveis ajustes, entrosamento ou mesmo no momento do desligamento”, afirma a executiva.
Para Ligia, a falta de consciência sobre o ganho econômico que a Diversidade & Inclusão pode trazer, não é um motivo para a morosidade do processo. “O motivo, na maioria das vezes, são as prioridades, os problemas atuais, a economia do país… conhecer o fator de desempate ou o interesse pode impulsionar o movimento, mas não é o motivo de não acontecer”, fala.
Sobre a pesquisa Panorama Conectades
Encomendada pela MMA Latam, a pesquisa Panorama Conectades foi realizada pela Hibou Pesquisas & Insights em abril de 2023. A amostra foi de 4.156 participantes, divididos em 4 grupos: 98 associados da MMA, 675 empresários/diretores, 1.372 colaboradores e 2.011 consumidores em geral.
O estudo foi dividido em 2 partes: uma quantitativa e uma qualitativa. O objetivo do Panorama Conectades é entender um pouco mais do cenário atual sobre diversidade e inclusão no ambiente corporativo.
“Buscamos conversar com públicos distintos na mesma pesquisa, incluindo gestores, colaboradores de empresas e brasileiros em geral. São olhares distintos no mesmo roteiro. Definimos os públicos considerando o ecossistema envolvido”, diz Ligia.