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“Nunca consegui ver a favela como lugar de carência”, fala Celso Athayde

Painelistas sentados em cadeiras transparentes no palco do MMA Impact

Um lugar de potência. É assim que o fundador da Favela Holding, Celso Athayde, sempre enxergou as comunidades brasileiras. “Quando as pessoas pensam em favela, elas sempre pensam em carência. Eu nunca consegui ver a favela desse jeito. Quando eu faço uma competição de futebol, como a Taça das Favelas, de onde surgiram tantos craques como Vini Jr. e Patrick de Paula, é porque a gente nunca entendeu que aqueles jovens eram carentes. Eles eram potentes, só não tinham a oportunidade de mostrar essa potência. Isso acontece também com empreendedores”, afirmou o executivo durante o painel “Empreendedorismo de impacto: muito além de uma ação social”, realizado no MMA Impact Brasil 2023, em 11 e 12 de abril, em São Paulo. 

Segundo o executivo, são 18 milhões de brasileiros vivendo nas favelas do país, movimentando R$ 200 bilhões ao ano. “Eu chamo de favela aquilo que o IBGE chama de aglomerado subnormal. Se pegasse as favelas brasileiras e as transformasse em um estado, ele seria o terceiro maior do país em população e consumo”, diz o executivo. Athayde explicou que favela e periferia são conceitos diferentes. “Você tem favelas em regiões nobres, como Rocinha em São Conrado e Paraisópolis no Morumbi, por exemplo. Na Zona Leste também tem favela, mas os jogadores do Corinthians moram ali, na periferia, em condomínios”, contou. 

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Athayde dividiu o palco com Adriana Barbosa, CEO da PretaHub. Ela lembrou que o Brasil é o país com a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da africana Nigéria. “A gente vem observando como o empreendedorismo negro vem se desenvolvendo para atender a uma demanda de consumo. A questão identitária preta demorou a chegar no Brasil. A gente se tornou um país negro nos últimos 30 anos. O que a Feira Preta fez foi pensar em como se apropriar dessa questão do fortalecimento identitário e construir um mercado”, disse. 

A executiva começou sua apresentação com o questionamento “como é que a gente pode trazer mais pessoas para esse jogo?”. Adriana explicou que o empreendedorismo de impacto é aquele que tem reflexo na sociedade. “Olhando os dilemas e as complexidades de desigualdade que a gente tem, a gente coloca esse formato de empreendedorismo a serviço da sociedade. Obviamente não dá para fazer sem dinheiro. É um empreendedorismo que passa pelo recurso e pela circulação monetária, mas que tem uma estratégia mais ampliada. Não é só acúmulo de riqueza, mas também impactar a sociedade, olhar as dificuldades e endereçar”, contou. A mediação do painel foi da jornalista Fabi Corrêa.

Athayde chamou a atenção para o fato de que, ao serem questionadas sobre fazerem negócios com outros países, as marcas se interessam, mas elas têm um mercado meio esquecido dentro do próprio país. “As favelas brasileiras consomem mais que o Paraguai e a Bolívia juntos. É preciso que essas marcas entendam que existe um espaço que a gente precisa olhar não apenas para captar o recurso, mas como você cria uma relação com esse território para desenvolver essas pessoas e esse território”, explicou. 

Ao montar a Favela holding, Athayde pensou o empreendedorismo para gerar empregabilidade na base da pirâmide. “Quando eu faço isso, eu estou pensando na redução da  desigualdade a partir da geração de renda e também em como você muda a matriz econômica da favela não permitindo que determinadas atividades sejam as únicas naquele lugar”, falou. 

O MMA Impact Brasil 2023 aconteceu nos dias 11 e 12 de abril, na Bienal, em São Paulo (SP). 

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