A sócia de Práticas Profissionais da KPMG, Danielle Torres falou sobre o impacto que a inteligência artificial, com soluções avançadas como o ChatGPT, deve ter sobre a vida das pessoas a partir de agora. “É como se eu tivesse quase que um tutor para perguntar para ele por onde que eu vou. Claro que o objetivo desse modelo é a linguagem. Inclusive, ele inventa falas que não existem. A tecnologia alucina e vai continuar alucinando, mas para uma pessoa que tem conhecimento de causa em determinada área, ela aumenta exponencialmente a produtividade. Parecia tão distante ter uma tecnologia generativa estável e estamos de fato caminhando. Nos diferenciar vai ser cada vez mais difícil”, completou.
A executiva da KPMG participou do painel “O impacto da inteligência artificial na inovação e nos negócios”, durante o MMA Impact Brasil 2023, com mediação do Head de Conteúdo da MMA Latam, Luiz Gustavo Pacete, e contou que, pela primeira vez, sentiu uma angústia ao olhar para algo, referindo-se à tecnologia generativa do ChatGPT. “Pela primeira vez, eu comecei a considerar o que é quase um mantra ficcional da inteligência artificial: a gente caminha para a nossa irrelevância”, disse a executiva durante o painel.
Daniele resumiu a evolução da inteligência artificial na vida das pessoas em alguns momentos. “Nosso primeiro contato em larga escala com o algoritmo foi o lançamento do Google, no final dos anos 1990, anos 2000. Naquele momento, a gente passou a ter uma curadoria efetiva digital de conteúdo. Indo para 2010, a gente passa a ter curadoria por meio dos algoritmos de redes sociais. Foi quando a grande revolução começou porque a gente passou a não mais fazer a seleção. No começo era muito legal, com as sugestões: talvez você goste disso, talvez você goste daquilo. Até chegar ao que a gente vive atualmente, que são verdadeiras bolhas de conteúdos, onde cada um de nós é reforçado a consumir o que a gente já gosta e isso gerou impactos sociais, incluindo a diminuição da possibilidade de discutir temas que não fazem parte da nossa realidade consumida”, explicou.
Para Danielle, agora acontece o que pode ser a terceira revolução, com a inteligência artificial generativa, que não é um conceito novo, mas que está sendo usado de maneira diferente. “O que aconteceu com o ChatGPT foi o inesperado porque, quando você cria trilhões de pontos de dados, você gera muito mais que um brinquedo, você gera imagens, você gera textos…”, falou.
Durante a apresentação, a executiva defendeu que algumas atividades precisam continuar sendo humanas, mesmo com toda a evolução da tecnologia, para garantir que a humanidade siga evoluindo. “A gente não pode, por exemplo, ter a Justiça totalmente automatizada, por mais erros que a Justiça cometa, existem assuntos que são suficientemente sensíveis e a tecnologia, por mais complexo que seja o modelo, sempre vai dar uma resposta parecida. O ser humano é muito mais imprevisível. A gente consegue se sensibilizar e avançar as pautas”, afirmou.