Participar ativamente das conversas das pessoas é o objetivo da Alexa, assistente virtual de voz da Amazon. Há 2 anos no Brasil, a inteligência artificial aposta em parcerias para estar sempre na boca do povo. “São ações pequenas, e é por isso que estou contando essa história, para dizer que às vezes é uma sacada, uma ideia, que tem um alcance gigantesco. Não foi um investimento enorme, uma supercampanha, um contrato milionário… aconteceu”, disse Tiago Maranhão, Head of Content da Alexa Amazon Brasil, durante o painel “Alexa, Quais as Novidades?”, no Impact Brasil 2022.
A história a que se refere é o lançamento da caixa de som Echo Studio, integrada com a inteligência artificial, quando a cantora Marília Mendonça comemorou ser respondida pela assistente virtual. A equipe da Amazon Brasil havia mandado o produto para alguns artistas, influencers e jornalistas. “Na véspera do lançamento, alguém falou: ‘cara, a gente não botou a Marília Mendonça na história’, a artista mais tocada do Brasil fazia quase 10 anos”, disse Maranhão.
A partir daí, foi feito um esforço coletivo para levantar o endereço da artista e colocar a correspondência no correio. Do balcão do correio, o colaborador ligou para o executivo perguntando se o dispositivo ia apenas com a cartinha padrão, mandada aos jornalistas, e ele, na hora, pesquisou qual era a música do momento e pediu que fosse escrito à mão: Marília, tente dizer “Alexa, Supera”. “Eu não tinha resposta para isso, mas aí criamos assim: ‘eu posso ser uma inteligência artificial, mas quando o assunto é amor próprio fico com a Marília Mendonça, nada de ser plano B’, que é um pedaço da letra adaptada”, explicou.
Quando recebeu o pacote, a cantora postou em suas redes sociais um vídeo comemorando com um grito de felicidade, que viralizou em minutos. A frase da Alexa (“e não da Marília”, frisou Maranhão) foi publicada na tradicional seção da revista Veja. Pouco depois, a cantora ainda fez um segundo post dizendo que ser respondida pela Alexa era sinal que ela tinha “chegado lá”.
“Se as pessoas falam sobre isso, a Alexa tem que estar na conversa, ela tem que fazer parte desse papo”, afirmou o executivo. De acordo com Maranhão, 1,83 bilhão de pessoas no mundo já usam inteligência artificial por voz. Em 2020, foram 200 bilhões de buscas mensais por voz e, até 2025, o mercado de tecnologia por voz deve alcançar US$ 1 trilhão.
Entre os principais conteúdos, nestes 2 anos de Alexa no Brasil, estão interações como bom dia, boa noite, conta uma piada, timers e alarmes e até características mais mundanos. “Trabalhar com conteúdo de Alexa envolve, por exemplo, o pum de Alexa. Isso é real. Muita gente manda mensagem reclamando que o pum de Alexa é muito longo. Na Amazon, a gente sempre ouve o cliente. Então, criamos um cardápio gasoso mais variado. Hoje tem uma seleção bem grande de puns e de outros traços humanos”, disse.
O executivo mostrou também o vídeo em que Xuxa interage com a Alexa no seu aniversário. O filme se tornou o segundo mais visto entre os postados no feed do Instagram da artista. “Aquilo é 100% espontâneo. A gente não contratou a Xuxa, a Xuxa não contratou a gente. A gente nem avisou a Xuxa. A gente criou e, como ela usa Alexa, ela descobriu e decidiu fazer o vídeo”, contou.
Outra parceria de sucesso foi, como brincou o executivo, a presença de Anitta na Alexa. “Ela foi a primeira artista convidada para uma experiência de voz na nuvem com Alexa”. Na ocasião, a artista dava bom dia com a assistente virtual de voz e, com isso, foi a primeira vez que a ferramenta de inteligência artificial foi para os trending topics do Twitter. “Tinha 50 mil menções antes das 10h. A Anita é um canhão, tudo o que ela toca, explode. Valeu a pena demais”, falou.
Assim como o caso de Marília Mendonça e Xuxa, a parceria também não foi comercial. “Começaram a especular: ‘quanto será que a Anitta pagou?’, ‘rainha do marketing’. A gente não pagou a Anitta. A gente conversou: gostaria de ter você, já que você está lançando uma música esta semana, dando bom dia com a Alexa. Ela entendeu a oportunidade de estar num lugar novo, descolado e fez. Não teve grana. De nenhum lado”, explicou.
Para fazer o conteúdo de Alexa é preciso estar antenado com os acontecimentos. Maranhão também citou a música “Alexa”, de Wesley Safadão, que inicialmente foi divulgada na plataforma Sua Música, usada pelos artistas para testar as canções. A letra diz que as pessoas vão fazer o que a Alexa mandar: fazer o quadradinho ou dar uma tremidinha, são algumas das opções. Quando o cantor decidiu gravar o clipe, a equipe entrou em contato com ele para dar a voz da Alexa para ser usada no clipe. “Isso coloca a Alexa na conversa de um jeito diferente. Ela está em uma experiência real, para um monte de gente que provavelmente não tem Alexa e nesse momento está entendendo o que acontece”, comemorou.
Além das parcerias orgânicas, Alexa também faz investimentos como o do Carnaval de 2020, o primeiro dela no Brasil. Foi criado o “Samba da IA” e levado às ruas pelo Bloco Ritaleena. “A Alexa escreveu a letra sozinha na nuvem e a gente foi para o estúdio gravar e depois levou para a rua”, contou.
Dias depois, no mesmo início de 2020, foi noticiado o aumento de Síndrome de Burnout no Brasil, já que, em decorrência da pandemia, as pessoas estavam com medo de perder o emprego, de ficar doente, da morte de pessoas da família e ainda trabalhando com as crianças em casa… O tema foi inspiração para uma ação. “Quando a gente perguntava se estava tudo bem a Alexa respondia: ‘acho que sim, não tenho certeza, mas acho que eu estou bem’. Em seguida, ela retomava a personalidade dela e dizia: ‘eu estou bem, sim, mas se você sente cansaço o dia inteiro e distração talvez esses sejam sintomas da síndrome de burnout. Para saber mais, me pergunte o que é”, afirmou.
Com respostas validadas pela Associação Brasileira de Psiquiatria, o assunto cresceu e virou pauta em vários meios de comunicação. O case foi premiado em Cannes com um Leão de Bronze em Radio & Audio.
Outra ação de destaque protagonizada por Alexa é o pilar Tech do Bem, no qual a tecnologia é usada para ajudar quem precisa. No Prêmio Alexa de Acessibilidade, desenvolvedores foram chamados para criarem skills que ajudassem pessoas com deficiência. “Surgiu um monte de história legal e a gente viu o quanto a Alexa pode auxiliar em um monte de tarefa do dia a dia”, falou Maranhão.
Dessa iniciativa, surgiram cerca de 100 skills e a ideia de desenvolver uma campanha em rede social só com influenciadores com deficiência. “Durante 2 semanas, a taxa de engajamento desta campanha ficou em 50%. E a gente conseguiu essa taxa só contando histórias reais”, concluiu.
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