“Pessoas que inovam são pessoas saudáveis”, avisa Tatiana Pimenta, CEO e fundadora da Vittude. A executiva, que criou a plataforma para ajudar empresas a promover programas de saúde mental e educação emocional no ambiente corporativo, apresentou o painel Saúde Mental: o Elemento Inegociável da Inovação, no Impact Brasil 2022. “Quando a gente pensa em inovação, a gente está pensando em pessoas e a parte mais importante que a gente tem no corpo humano é a nossa cabeça. Se a gente não cuida dela, muito provavelmente a gente não consegue produzir inovação, criar ou fazer uma campanha de marca”, complementa.
Foi a experiência pessoal que levou Tatiana a fundar a Vittude. Depois de um episódio traumático de violência doméstica, ela percebeu o quanto era desafiador procurar tratamento para o bem-estar mental e quanto essa questão era negligenciada nas empresas.
E o problema não é isolado. Segundo a executiva, o Brasil é o país mais ansioso do mundo, o segundo em número de pessoas estressadas e o quinto em depressivas. No mundo, são 320 milhões de deprimidos. Ao ano, o custo da depressão e da ansiedade para a economia mundial é de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões). “Todo mundo acha que a gente é o país do Carnaval, mas a gente é um país de pessoas com doenças mentais. Essa é a grande realidade quando a gente vê os números”, diz.
A pandemia da Covid-19, como esperado, só piorou a situação mental dos funcionários. A executiva citou uma pesquisa da Gartner que verificou que 85% dos profissionais experimentaram burnout. “Esse é um número muito impactante e impactou muito mais as mulheres do que os homens, principalmente pela carga, pela dupla jornada, por ter que cuidar dos filhos…”, fala. O estudo também mostrou que 55% das pessoas tiveram problemas significativos de saúde e que 41% perderam a confiança de seus times.
Uma outra pesquisa realizada pela própria Vittude detectou que 47% dos colaboradores não se sentem à vontade para falar de saúde mental com o RH da empresa, 43% com o líder ou gestor e 35% com os colegas de trabalho. “Às vezes, a gente fala que está construindo um ambiente seguro, mas essa não é a realidade. Quase metade das pessoas que responderam à pesquisa disseram que não confiavam no RH quando o assunto é saúde mental. Eu não me sinto confortável de falar com meu RH que eu tô passando por uma dificuldade. Eu tenho medo de ser julgado. Eu tenho medo de ser preterido. Eu tenho medo do que vai acontecer comigo se eu falar sobre isso”, explica.
Entre os problemas enfrentados pelos profissionais durante a pandemia, segundo o estudo, estavam o medo da doença e da morte de alguém próximo (41%), a insônia (33%), as crises de ansiedade (33%), a procrastinação de tarefas importantes (25%), os momentos de profunda tristeza (25%) e o medo de contrair o coronavírus e morrer (29%).
A executiva informou que 576 mil brasileiros foram afastados do mercado de trabalho em 2020 por transtornos mentais, de acordo com dados do INSS, e que, mesmo assim, 79% das empresas nunca fizeram um diagnóstico de saúde mental e desconhecem a real situação de seus colaboradores.
“Todas as empresas deveriam estimular uma cultura de saúde mental. A gente pode e deve pensar no bem-estar como sendo uma habilidade que pode ser desenvolvida. Outra coisa muito importante é construir um ambiente, de fato, de segurança psicológica para as pessoas se sentirem à vontade de falar com um colega ou com um líder que está passando por uma situação difícil. No final do dia, nós somos seres humanos, a gente não está livre e precisa conseguir falar disso”, conta.
O ambiente acolhedor em que as pessoas podem dar suas opiniões sem medo do julgamento é essencial para estimular a produtividade sustentável. “A produtividade sustentável é quando a gente consegue produzir sem colocar em risco a nossa saúde, a nossa felicidade, os nossos valores e entregar a nossa capacidade produtiva de uma forma ampla e saudável”, fala.
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