A sinergia necessária entre marcas e produtores de conteúdo foi debatida durante o painel “Áudio Digital: Como a Relação com o Áudio Está Mais Próxima desde o Início da Pandemia”, apresentado no Impact Brasil 2022, com a participação de José Melchert, Sales Director do Spotify; Camila Fremder, podcaster do “É Nóia Minha?[1] ”; e Isabella Maimone, Senior Branding Manager da Jonhson & Johnson.
O executivo do Spotify mostrou alguns números que comprovam que o áudio digital e os podcasts são conteúdos de grande sucesso no Brasil. De acordo com Melchert, são 117 milhões de ouvintes de áudio digital no país, o que equivale a cerca de 77% dos internautas, e 43 milhões de ouvintes de podcast.
“E por que está tendo esse boom todo do áudio digital no Brasil e no mundo? Tem 2 motivos interessantes. O primeiro é que a gente vem de 2 anos de pandemia e não aguenta mais ver tela. 71% das pessoas falam que estão saturados das telas. Elas não aguentam mais olhar para computador, celular, televisão… e o áudio digital, para 82%, é uma maneira de se desconectar. E o outro fator é ser multitarefa. 98% ouvem o áudio fazendo outra coisa. Cozinhando, lavando louça, treinando, dirigindo…”, justifica o executivo do Spotify.
Antenados com as necessidades do público, os anunciantes já perceberam os podcasts como ótimas oportunidades de parcerias. Isabella explicou o motivo de a Johnson & Johnson já estar presente nessa mídia há algum tempo. “Em primeira instância, para estar onde nosso consumidor está. E, segundo, porque a gente acredita, como marca, que é um local de debate, de gerar discussão, de roda de conversa, o lugar propício para a gente ir, passo a passo, na quebra do tabu. O que é fundamental é essa conexão do o que a marca quer falar, como a marca quer falar, versus como [os produtores de conteúdo], por exemplo, o ‘É Nóia Minha?’ e a Camila, se comunicam. Existe um feat muito importante. Não adianta se a Camila não tiver a menor afinidade com o tema. O ‘É Nóia Minha?’ é um espaço aberto, colaborativo, seguro para gerar esses debates. Essa sinergia é fundamental”, afirma.
A podcaster concordou com a executiva da marca e contou que é essencial que os anunciantes entendam que tipo de produto se encaixa com o conteúdo que ela oferece. “Primeiro, tem que ter a ver com seu universo. Por exemplo, eu não bebo. Não adianta você querer fazer cerveja comigo. Toda hora no podcast eu falo: ‘eu não bebo’, ‘eu tomei um gole e vi Jesus’… tem que dar uma selecionada nas coisas que tem a ver com você e dizer não. E você sabe como chegar melhor no seu público, dependendo do produto que você está vendendo e você sabe o discurso que ele vai aceitar melhor. É uma dificuldade grande porque ainda está acontecendo uma transição, não só em agência, mas também no cliente final”, diz.
Camila conta, inclusive, que já aconteceu de fazer anúncios que sabia que não teriam bons resultados. “Eu já cansei de fazer publi no meu Instagram que eu avisei: ‘não vai dar engajamento’. E de fato, não deu. E eu não tiro porque quando chega um outro cliente querendo fazer a mesma coisa eu mostro e falo: ‘esse aqui passou papelão’. Tem que ter um jeito onde todo mundo trabalha junto”, fala.
Uma das parcerias que deram muito certo foi a do “É Nóia MInha?” com a Johnson & Johnson, no episódio “Chega de ‘Tô de Chico’”, no qual Camila recebe convidadas para debater o tema menstruação.
Dignidade menstrual
Mais do que ser uma marca que está onde o consumidor precisa dela, a Johnson & Johnson tem se preocupado em quebrar estereótipos e estar alinhada aos novos tempos, deixando de falar, por exemplo, em “cuidado e saúde feminina” para falar de “cuidado e saúde íntima”, o que abrange não apenas as mulheres, mas outras pessoas que menstruam, como homens trans.
A questão da dignidade menstrual também tem mobilizado a marca e, para poder abordar o tema de forma mais livre, a quebra de tabus é essencial. “Qual é nossa grande missão, que vai além de entregar qualidade, ciência e inovação por meio dos nossos produtos? É a quebra de tabu. Falar de forma clara e real. Pode assustar, sim, algumas pessoas verem o sangue vermelho numa campanha, mas é o que é”, explica.
A executiva afirmou que a dignidade menstrual vai muito além da falta de dinheiro para ter acessibilidade aos produtos e envolve também uma questão de saneamento básico e de ter banheiros adequados para a higiene básica. “Mais de 11 milhões de pessoas no Brasil são afetadas pela pobreza menstrual e 93% das mulheres de baixa renda não sabem o que é pobreza menstrual. A gente tem uma missão, sim, de levar informação, levar educação e, principalmente, criar uma rede de apoio. Como a gente junta pessoas que querem ajudar com as que precisam ser ajudadas?”, questiona.
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