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“Com a padronização, você tira a humanidade das pessoas”, diz estilista Isaac Silva

A estilista Isaac Silva trabalha para trazer mais humanidade e sustentabilidade ao mundo da moda, já que não foi o que encontrou no mercado e na universidade quando começou no setor. “Eu encontrava um mundo perfeito de pessoas tristes. Uma moda que não conversava com sustentabilidade e com a questão humanizada. Eu trouxe esses 2 pilares para construir a minha marca”, falou no painel “Acredite no seu axé: por uma moda conectada com o Brasil”, realizado durante o Innovate Brasil 2022. 

Para  a empresária, esse mercado que, até pouco tempo atrás, ditava padrões muitas vezes inatingíveis, está passando por mudanças importantes. “O melhor momento da moda é esse agora, da diversidade”, afirmou. 

Se antes o mercado pregava que para ser feliz era preciso estar no padrão, hoje há liberdade para ser você mesmo, sem regras rígidas ou peças criadas por gênero. “Nos anos 1980 e até antes, tinha essa moda unissex, mas depois começaram as padronizações. O mercado dizia que precisava padronizar para vender. Com a padronização, você tira a humanidade das pessoas. Você tira o que é mais bonito da gente: ser você. Quando você trabalha com a moda agênero todo mundo pode usar”, contou. 

Quando montou sua marca, em 2015, Isaac queria uma moda inclusiva, que refletisse o Brasil e a América Latina das cores do verão, dos diferentes corpos. “Eu passei por 2 universidades e nunca me foi apresentado o verdadeiro mercado de moda brasileira. Quando mainha ficou viúva, mudamos para Salvador, e foi ali que fui inebriada pela cultura afrobrasileira e fui ter o entendimento do grande poder da mulher negra e indígena no Brasil, que tem tão pouca representatividade”, falou. . 

Mais do que a maneira de se vestir, a moda é vista pela estilista também como um posicionamento. “A moda é um setor político que a gente pode usar da melhor maneira possível. Ela, por si só, não é machista, preconceituosa, racista… São as pessoas que trabalham dentro desse universo que usam as ferramentas da moda para aplicar isso. Mas a gente pode usar essas mesmas ferramentas para mostrar como a moda pode ser diversa e inclusiva. Quem não gosta desse universo fashion, do glamour? Todo mundo gosta. Mas, às vezes, a moda impunha padrões e isso ficou muito para trás. Esse mercado está mudando e trazendo pessoas para dizer que moda é algo além de roupa”, explicou.

Segundo Isaac, a moda é o quarto setor que mais emprega e mais paga impostos no Brasil, atrás apenas do agro, alimentos e construção civil. Devido a seu tamanho, é essencial que o setor se adeque às novas necessidades dos consumidores, que agora se preocupam mais com a sustentabilidade em seu conceito mais amplo: social, ambiental e econômico. 

“A gente tem que entender que nossas roupas são feitas por mãos humanas e se essas mãos forem mal remuneradas, estiverem tristes, não souberem o que é humanidade, você está carregando no seu corpo uma energia ruim”, disse. 

As grandes marcas também estão de olho na sustentabilidade e investem em collabs para atrair os consumidores. Entre as marcas que já trabalharam com Isaac Silva estão Havaianas, Magalu e C&A. 

“O processo de colaboração é muito enriquecedor. Com essas grandes colaborações o que eu pude entender foi ‘respeite meu tempo que assim vou respeitar o seu também e a gente vai ter sucesso juntas’. Essas colaborações me mostraram como a grande indústria funciona e como ela está se adequando a esse mercado. Hoje a gente precisa se ver para comprar. Se eu não me vejo na campanha, se eu não vejo que a marca fala algo real, eu não compro. O meu maior poder político é não comprar”, afirmou. 

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