Depois de uma carreira de sucesso como jornalista na Rede Globo, onde trabalhou por mais de 40 anos, Carlos Tramontina sentiu a necessidade de mudar e, com incentivo de Igor Coelho, CEO do Flow, passou a criar conteúdo para o YouTube. “Diferente do Igor, eu ainda não ganhei um tostão com internet. Para mim, ir para a internet foi um duplo twist carpado para quem nunca tinha saltado uma estrela”, afirmou durante o painel “Evolução e Desafios na Era Hiperdigital”, do qual os dois participaram encerrando o MMA Impact Brasil 2024. O evento aconteceu no Transamérica Expo Center nos dias 9 e 10 de abril.
Para Tramontina topar entrar nessa aventura, foi essencial ver a transparência com que a equipe do Flow tratava o Monark Day, episódio em que o cofundador Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil no programa, o que fez o apresentador ser cancelado e o programa perder praticamente toda a receita. “O Monark Day foi a primeira coisa que me veio à cabeça e fui me informar. Ficou claro para mim que aquele trauma gigantesco, que teve consequências em diferentes caminhos, é encarado com franqueza. Isso tem grande importância na manutenção da reputação”, falou Tramontina.
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A vontade de fazer algo diferente veio após a pandemia, quando Tramontina ficou afastado da TV por determinação da emissora, que manteve os funcionários com mais de 60 anos em casa recebendo salário. “Eu fiquei me perguntando até quando eu ia fazer aquilo e até quando a empresa ia querer que eu continuasse, porque ela estava mudando. Eu me senti meio fora e pensei que tinha tanta coisa que eu podia fazer”, contou.
Uma das primeiras ações de Tramontina após deixar a TV foi seguir o conselho da filha e comprar roupas mais casuais, já que seu guarda-roupa era recheado de ternos, meias pretas e gravatas.
A mudança ainda é um desafio, segundo o jornalista, porque a linguagem é outra. “Eu descobri que fazer entrevista é uma coisa e fazer podcast é completamente diferente. Mesmo com bons resultados, para mim é um desafio permanente. Fico olhando e tentando encontrar um caminho para fazer a coisa mais leve, de forma mais contagiante”, explicou, lembrando que agora o tempo não é mais restrito e pode conversar por horas com os entrevistados. “Conheci uma montanha de gente nova e descobri como os veículos de imprensa tradicionais são excludentes. 80% dos convidados que recebi nos 2 programas eu nunca estive com eles em 44 anos de televisão”, falou se referindo ao “Seis e Ônibus” e ao “Flow News”.
Igor 3K, como também é conhecido o CEO do Flow, contou que quando parou de dar aulas de inglês e passou a se dedicar 100% a internet percebeu a importância desse meio. “Eu tinha certeza que o Flow ia dar certo, era só uma questão de tempo. Só não sabia se eu ia durar até lá”, disse. Hoje ele se sente honrado por ter inaugurado esse formato, que está até nas grandes emissoras, como o “Mesacast”, no BBB.