O sócio-fundador e CEO global da Ideal, Ricardo Cesar, mostra suas perspectivas para o mercado de comunicação para o ano que está começando. O executivo destaca que, em 2023, conteúdo e influência, metaverso, realidade aumentada e ESG serão alguns dos temas que estarão no centro das estratégias de marketing.
Confira as impressões do executivo da agência de PR para os próximos meses:
Perspectivas
Certamente estarão na pauta do marketing aspectos como conteúdo e influência, com relações de mais longo prazo entre marcas e creators e a transformação de marcas em publishers; experiências imersivas em games e outros espaços no metaverso e considerando, também, experimentos de realidade aumentada; conexão entre e-commerce e estratégias personalizadas e preditivas de comunicação; conteúdos orientados pelo vídeo e estratégias de marca pautadas por iniciativas ESG e de impacto social. Mas vale olhar também para o que está “da porta para dentro” das agências: a formação dos profissionais para um ambiente de mudanças vertiginosas; a flexibilidade para desenvolver soluções ágeis e criativas em um mundo em “alerta” ambiental e econômico; e a transformação de modelos tradicionais de trabalho para modelos ágeis e pautados pela tecnologia amparando as decisões.
Tecnologias
Algumas tecnologias vão se destacar em 2023. Na área de cibersegurança e protocolos contra desinformação, comportamentos emergentes na produção e consumo de conteúdo vão levar marcas a proteger sua reputação e a investir preventivamente em segurança da informação, mas, além dos investimentos tradicionais em software e serviços de segurança, veremos um avanço no desenvolvimento tecnológico de protocolos de combate à desinformação (avisos automáticos em sites e plataformas sociais, alertas, formas facilitadas de identificação de menções indevidas e fake news etc.).
Outra tendência é o Metaverso, com espaços virtuais, experiências compartilhadas e marcas presentes em games e ativações virtuais. Vamos ver mais experiências assim acontecendo – e dando resultados claros. O metaverso dos avatares pode impactar ainda mais o universo e influência digital e CRM, mas o core seguirá nos games e espaços de troca compartilhada – mesclando experiências virtuais à influência de criadores reais, como as lives de streamers que chegam de maneira corriqueira a centenas de milhares de espectadores ao vivo.
Também chamará a atenção o e-commerce. Não é novidade, mas ainda temos muito a avançar no desenvolvimento de plataformas cada vez mais eficientes e capazes de acompanhar uma jornada personalizada de consumo. Veremos, também, as estratégias de comércio eletrônico cada vez mais integradas às estratégias de conteúdo e comunicação.
Em complementaridade com o e-commerce, veremos uma ascensão maior de plataformas para infoprodutores. Não satisfeitos com a produção e formas de monetização do conteúdo via canais sociais e cientes dos impactos das potenciais mudanças nas plataformas (e algoritmos) no dia a dia, empresas e criadores devem passar a desenvolver seus próprios infoprodutos em plataformas alternativas, que facilitem o controle e a geração de renda. Esta, aliás, é uma tendência que pode transformar futuramente o universo da empregabilidade – uma promessa da Web3 de que teremos mais criadores produzindo de maneira segmentada e mais difusa sobre os mais variados temas.
Listening e data dashboards também vão se ressaltar. Eles não são necessariamente novidades, mas ainda são menos precisos que a demanda para se ter acesso a informações que auxiliem os processos de tomada de decisão. Vamos ver muitas evoluções nas ferramentas e possibilidades de listening, assim como um desenvolvimento importante de dashboards baseados em bancos de dados mais robustos e maleáveis, oferecendo recortes mais personalizados e amparados por machine learning.
Por último, evidencio a tecnologia pela sustentabilidade. Vamos ver avanços e novas soluções tecnológicas relacionadas ao controle e eficiência operacional das empresas; acompanhamento de metas e práticas ESG; acompanhamento da jornada de colaboradores nas empresas, pensando no futuro do trabalho, diversidade e inclusão, assim como na retenção de talentos; alertas de sustentabilidade e acompanhamento de compromissos ambientais; tecnologias que amparem campanhas e ações de impacto social; assim como tecnologias que ajudem a mensurar com cada vez mais precisão o impacto das práticas ESG nos negócios e na reputação das marcas.
Agenda
Entre os temas que serão prioritários na agenda das lideranças aponto a inovação aberta e o intraempreendedorismo. O mercado de comunicação é habituado a buscar soluções cada vez mais pautadas pela tecnologia para grandes marcas e anunciantes. Mas há muito a ser desenvolvido no que diz respeito à formação dos profissionais do setor e no impulsionamento a inovações que transformem o dia a dia de quem trabalha desenvolvendo estratégias e ações de marca. Acompanhar as tendências não significa estar preparado para lidar com a velocidade acelerada das mudanças. Nosso mercado está cada vez mais complexo e precisamos desenvolver habilidades e ferramentas para lidar com a transformação contínua.
Também serão percebidos pelos executivos a saúde mental e novos modelos de trabalho. Impossível estabelecer uma agenda eficiente de inovação sem considerar o momento que vivemos. Repensar estratégias de atração e retenção de talentos, tornar o ambiente da comunicação mais humano e colocar em prática ações que contribuam com a melhoria da saúde mental dos profissionais do nosso setor é urgente.
A agenda ainda precisa incluir brand publishing e influência. Com o avanço da Web3, marcas devem se consolidar, cada vez mais, como produtoras de conteúdo. Marcas e seus porta-vozes – sejam executivos ou demais colaboradores, capazes de exercer alto poder de influência no mercado. Na outra ponta do processo, influenciadores digitais se transformam em marcas valiosas ou em ferramentas valiosas na defesa de estratégias e causas – desde que respeitada sua autenticidade. O desafio é o de extravasar as plataformas já consolidadas e encontrar novos modelos de produção, disseminação e monetização do conteúdo.
Outro tema que estará em voga será mensuração, monitoramento e eficiência. Compreender detalhadamente as jornadas de audiência, insights de mercado, resultados e menções às marcas e seus temas de interesse nunca foi tão importante. Mas, muito além do listening, o desafio está no desenvolvimento de soluções que possam ser aplicadas de forma preditiva – dando suporte à tomada de decisão ou impactando a criação de protocolos de combate à desinformação.
Finalmente, é preciso ficar de olho no apagão criativo. A criatividade é uma das habilidades mais importantes e desejadas pelos profissionais hoje. No entanto, nunca recebemos um volume tão grande de informação e, ao mesmo tempo, nunca tivemos tanta dificuldade em formar um repertório criativo eficiente. Desenvolver estratégias de capacitação profissional e de estímulo a novas descobertas criativas pode garantir um futuro mais perene e promissor ao nosso mercado.