Clubhouse: rede social de áudio que celebridades começaram a usar. Depois apareceu no perfil de alguns líderes no Linkedin. Surgiu um ou outro post no Instagram e, de repente, se alastrou, após, no fim de janeiro, o bilionário Elon Musk ter conversado com o presidente da plataforma de investimentos Robinhood, Vlad Tenev, por meio dessa nova forma de interação. O Clubhouse é fechado, só entra quem é convidado e, por enquanto, está disponível apenas para iOS.
Criada em 2020 por Paul Davison e Rohan Seth, a rede chegou a 1,5 mil usuários em seus dois primeiros meses de existência, avaliada em US$ 100 milhões, à época. Em janeiro deste ano, já ultrapassava US$ 1 bilhão, após uma rodada de US$ 100 milhões de investimentos. Também em janeiro, a plataforma dizia ter 2 milhões de usuários.
No Brasil, vem repercutindo, também, entre as lideranças de marketing. Ávidos por novidade e, utilizando a nova ferramenta também como experimento, CMOs aderiram em peso. “Uma explosão de real time”, define Marcelo Trevisani, CMO da IBM. O executivo enxerga a plataforma como um podcast acontecendo de forma instantânea que pode servir para inspiração e inúmeras outras aplicações. “Já fiz calls, participei de conversas muito interessantes. De fato, é uma rede que potencializa o áudio e com um debate de alto nível”, afirma. Trevisani chama a atenção para o fato de que é uma rede que vem prendendo por muito tempo a atenção das pessoas justamente por ser um ambiente dinâmico. “Tem um share of screen enorme e, de certa forma, leva as pessoas a dedicarem muitas horas a ela”.
Gabriela Onofre, CMO da startup Unico, afirma que curiosidade foi o primeiro item a atrai-lá para o Clubhouse. Sobretudo, para entender como funciona e se pode ser uma ferramenta de relacionamento importante para clientes e colaboradores. De acordo com Onofre, a interação via voz simplifica e ajuda na agilidade. “Tenho acompanhado já alguns grupos, seguindo pessoas que me interessam e percebo uma simplicidade misturada com instantaneidade que ajuda bastante quem precisa se conectar de forma rápida”. Sobre o futuro e aplicações mais efetivas da plataforma, Onofre enxerga que pode servir como ferramenta de alinhamentos rápidos entre o time, relacionamento com cliente e também como lugar de inspiração.
João Branco, CMO do McDonald´s, faz questão de ressaltar que passou a utilizar a plataforma na busca de interação e inspiração. “Todo líder de marketing tem que estar atento às novas formas de conexão. Isso é parte do job description. Já participei de várias conversas e estou me conectando com pessoas interessantes.” Sobre o rápido crescimento da plataforma, João acredita que tem relação com a novidade e o formato que, em muitos casos, dá a sensação de um grande festival acontecendo ao mesmo tempo, uma espécie de SXSW. “Já consegui imaginar mil possibilidades nas primeiras 24 horas que participei por lá.”
Fernando Migrone, CMO da SAP, observa que foi o efeito comunidade e a repercussão em outros grupos fechados que o fizeram entrar na rede. “Naveguei tentando entender como ela funciona e fiquei de ouvinte em algumas salas, onde observei várias conversas sérias e muitas abordavam o tema de como essa rede evoluirá. Me chamou atenção a velocidade que está crescendo e o público qualificado que já está na plataforma”, destaca.
Cuidado com a euforia!
Migrone, da SAP, reforça que os próximos dias e semanas serão fundamentais para definir se a plataforma será sucesso ou fracasso. “O potencial é imenso, mas no momento atual que vivemos se tornar um instrumento de polarização ou polêmicas acredito que possa perder relevância para os negócios. Porém, se mantiver o caminho correto tem potencial de ser um canal poderoso de comunicação, interação e aproximação entre marcas e pessoas”, afirma.
Sobre pólices de segurança, Trevisani, da IBM, destaca que, inicialmente, existem vários instrumentos de proteção dos usuários e que, se isso for levado à risca, deve fazer a diferença dentro da plataforma. “Uma dessas regras é, por exemplo, se você for gravar uma conversa você alerta as pessoas e também não consegue compartilhar ou gravar o áudio, somente a tela”, explica. Apesar de toda a euforia em torno da novidade, é importante ressaltar que o Clubhouse é restrito aos usuários do sistema operacional da Apple e vem sendo criticado por restringir o uso, por exemplo, de deficientes auditivos. A startup alega que ainda é pequena e está em fase beta, prevendo várias melhorias para os próximos meses.