Ainda que não seja um conceito absolutamente novo, o NFT, ou Non Fungible Tokens, em tradução literal Tokens Não Fungíveis, vem ganhando a atenção nos últimos meses, na medida em que transações relevantes começam a ser feitas por meio dessa tecnologia. A Tato, unidade de insights da Mutato, e parceira de conteúdo da MMA Latam, preparou um estudo sobre pontos cruciais na compreensão dessa tecnologia.
Itens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outro idêntico sem que alguém se importe: uma lata de cerveja da mesma marca, um celular do mesmo modelo. Já itens não fungíveis são únicos e não podem ser trocados, obras de arte são um exemplo. No mundo do blockchain, NFT é um tipo de token criptográfico que representa um ativo exclusivo, certificado e rastreável.
O NFT também permite programar uma escassez digital, um dos motivos que fizeram o tema ganhar força. Em dezembro de 2020, um artista chamado Beeple vendeu o equivalente a US$ 3,5 milhões de dólares em NFTs em um marketplace exclusivo para arte digital. O sucesso chamou a atenção da gigante dos leilões Christie’s, que está aceitando lances para a colagem digital “Everydays: The First 5000 Days”, cujo leilão acontece no dia 11 de março. O valor da obra já está nos mesmos US4 3,5 milhões, mas agora em uma única NFT.
Além das artes, os NFTs também vêm se popularizando na música. Artistas como Mike Shinoda (do Linkin Park), deadmau5 , DJ Carl Cox e Kings of Leon, já utilizam a tecnologia. O Kings of Leon, por exemplo, anunciaram que o próximo álbum da banda vai ser lançado como NFT – os tokens dariam acesso a conteúdos exclusivos. Outro caso de sucesso recente é a venda de um meme – o Nyan Cat – por US$ 560 mil dólares.
Veja abaixo algumas respostas básicas sobre os NFTs de acordo com o estudo da Tato:
O que é NFT?
Pode parecer que é apenas mais uma faceta do mercado altamente especulativo das artes visuais, mas as NFTs emergiram na pandemia como uma forma de recompensar o trabalho artístico numa relação mais próxima junto aos superfãs, com rápida adesão por parte de músicos, DJs e criadores em geral – lembrando que o mercado de eventos, artes e entretenimento foi um dos mais afetados pela quarentena. Com a adoção da tecnologia blockchain, os artistas podem finalmente entender de onde o dinheiro vem e os fãs podem investir diretamente neles, o que reforça a sensação de exclusividade e escassez que desde
sempre provoca muito engajamento.
O contexto
Além da discussão sobre a bolha especulativa do mercado de artes, há uma questão sobre essa jornada do criador que a NFT propõe. Atualmente, um criador faz conteúdo torcendo para viralizar, atrair mais seguidores e depois fazer mais conteúdo na tentativa de monetizar os próximos conteúdos num esquema bola de neve; através de uma NFT, cria-se um conteúdo na tentativa de encontrar um fã que valorize você, e depois é possível fazer dinheiro com as transações derivadas deste único conteúdo (as NFTs permitem que os artistas continuem sendo donos da obra, vendendo apenas a licença). Porém, pode ser ingênuo pensar que os artistas não serão atravessados uma vez mais, uma vez que desde sempre eles estão na ponta mais fraca da corda quando se fala de mercado cultural.
E o impacto para as marcas?
Há grandes possibilidades para o universo dos games – com uma maior adesão da realidade aumentada/realidade virtual e uma crescente necessidade de diferenciação em ambientes online através de avatares, o mercado de NFTs é gigantesco, pois essa já é uma realidade entre os cripto-colecionáveis. É possível também utilizar NFTs para dar acesso a experiências exclusivas aos brand lovers, estimulando um novo mercado. Quem sabe criar até uma criptomoeda própria em carteira digital para negociar NFTs. Outro ponto mais urgente é a questão de fomento da cena artística no Brasil, uma das mais afetadas na pandemia. Foram pouquíssimas ações de suporte durante a pandemia, com parco envolvimento das marcas no ecossistema cultural.