Como as informações biométricas relacionadas a sono, exercícios físicos, pressão, batimentos cardíacos e outros, podem ser orientados no desenvolvimento e oferta de produtos e serviços? Segundo Renata Bokel, CSO da WMcCann, ressalta que a coleta de informações deste perfil é cada vez maior e representa uma premissa a ser observada. Renata contribuiu para o Marketing Futures Trends 2021 cuja entrevista você lê na íntegra.
Marketing Future Today – Quais as habilidades cruciais para os profissionais de marketing, inovação e negócios neste ano de 2021?
Renata Bokel – A dinâmica de trabalho está cada vez mais impactada por uma abordagem tecnológica. Qualquer indústria vai precisar da tecnologia para sobreviver. Na comunicação, não vai ser diferente. Mais e mais o consumidor vai esperar conveniência e personalização das marcas, e isso só acontece por meio da tecnologia e da gestão de dados. Qualquer profissional que hoje cuide de marcas precisa se preparar para lidar com a transformação digital, acelerada ainda mais pela pandemia, unindo tecnologia, gestão de dados e criatividade, para ser efetivo na construção da relação com os consumidores. Além disso, hoje é preciso entender que as marcas têm uma responsabilidade com o mundo em que vivemos. O futuro está reservado para as marcas que conseguirem compreender o ambiente cada vez mais plural da sociedade e liderarem discussões sobre diversidade e inclusão, fazendo a diferença na vida das pessoas.
MFT – Quais os temas prioridades para você como líder neste 2021?
Bokel – Muito se fala sobre como será o consumidor pós-pandemia. Como a mudança será gradativa e vai depender de questões econômicas, políticas, climáticas e sanitárias, teremos diferentes cenários dentro do Brasil. A nossa preocupação, desde o começo da pandemia, foi entender essas várias ondas de sentimentos e comportamentos que as pessoas tiveram – e ainda terão – ao longo deste período. Diferente de outros assuntos que a gente costuma mapear aqui no McCann WG – por meio do Truth Central – como o Truth Abouth Age, Thuth About Wellness, Truth About Privacy, entre outros, é impossível dar um diagnóstico definitivo sobre qual é a verdade dos impactos da Covid-19 na vida das pessoas.
MFT – Como materializar esse comportamento do consumidor?
Bokel – Estamos fazendo essas pesquisas em ondas, de forma que conseguimos comparar as diferentes reações do consumidor em mais de 16 países, com estágios distintos da pandemia. Acompanhamos de forma contínua para tentar entender quais os verdadeiros impactos da pandemia no dia a dia das pessoas, não só do ponto vista de consumo, mas do ponto de vista emocional. Hoje, não temos como prever um futuro que, na verdade, ninguém sabe como vai ser. O que se pode ter são dados, que nos ajudam a resolver o agora, e, estudando a evolução desses comportamentos, a gente vai chegar em uma conclusão de como essas pessoas estarão daqui a 3 meses ou, na melhor das previsões, daqui a 6 meses. A minha prioridade como líder de planejamento será compreender justamente os comportamentos sociais e culturais para ajudar as marcas a terem um papel significativo na vida das pessoas.
MFT – Quais as tecnologias e tendências que estão no seu foco de estudo e análise?
Bokel – O formato shopstreamings tem ganhado força. Em 2020, vimos marcas que não são somente do varejo apostando cada vez mais em shopstreaming. Este formato tenta misturar entretenimento com conteúdo, tendo o produto como estrela do show, o que não é novo no mercado, mas, com as restrições de mobilidade, há um aumento de atração por esse tipo de “programa”, que traz novidades para os consumidores. Além disso, a facilidade de produção, em que muitas vezes o apresentador/influenciador desempenha o papel de todo o time de produção, é ideal frente às regras de isolamento atuais.
MFT – O que você entende como tendência na maturidade de gestão de dados e AI neste contexto?
Bokel – A coleta de dados biométricos (infos sobre o sono, exercício físico, pressão, batimento cardíaco, córneas, etc.) vem aumentando exponencialmente. A tendência é que, com base nesses dados (fornecidos sob o consentimento do consumidor, é claro), as empresas possam superhiper personalizar serviços, alimentos, planos de saúde, seguro, atendimento médico preditivo, produtos de beleza, roupas… E por que não ofertas de produtos e serviços?