Criada em janeiro de 2021 por Bernardo Mendes, Claudio Lima e Evandro Guimarães, a agência Druid estabeleceu sua estratégia com foco em games e e-sports. No último ano, protagonizou vários cases com marcas como Itaú, Brahma, Samsung, Epic Games, iFood e muitas outras. Pelo Itaú, levou o Smarties 2021 na categoria Reconhecimento e Experiência de Marca. Atualmente, a agência vem se posicionando também na chamada Web3, conceito de internet descentralizada que inclui tecnologias como blockchain, NFT, metaverso e outros conceitos. Ao Marketing Future Today, Claudio Lima dá uma perspectiva sobre a relação entre games e Web3, bem como as oportunidades e desafios para as marcas.
Marketing Future Today – A Druid protagonizou um momento importante da relação entre marcas e games, mas agora vem adotando um novo posicionamento focado em Web3, pode explicar esse movimento?
Claudio Lima – Para nós, é muito importante criar conexões entre marcas e consumidores. Começamos e somos extremamente focados em gaming, mas foram surgindo novas demandas, derivadas, principalmente da Web3 e as suas aplicações para marcas e anunciantes. Vimos uma sinergia muito grande com o público gamer, que desde sempre é proprietário e entusiasta de propriedades digitais. Então fez todo sentido para a Druid criar essa especialização nesse segmento que, como nos games, cria conexões.
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MFT – Afinal, o que existe de mito e verdades sobre metaverso? E o que o mundo dos games nos ensina sobre ele?
Claudio – O grande mito do metaverso é que ele já existe. E a grande verdade é que ele já existe também. O metaverso como realidade é muito recente, então várias coisas que imaginamos ainda estão longe de acontecer e outras já estão acontecendo. O mais importante é que ele se tornou assunto e que mais marcas, consumidores, desenvolvedores estão olhando e criando esses metaversos. Mas apenas quando alguns saírem vencedores que vamos realmente descobrir o que ele pode vir a ser. É como no começo da Web2, tínhamos várias redes sociais competindo pelo mesmo usuário, Myspace, Orkut, Vine, entre outras ficaram para trás e consolidamos em Facebook, Twitter, Linkedin e, mais recentemente, TikTok. O metaverso vai passar por um movimento semelhante e quando tivermos os líderes desse segmento eles terão poder de investimento e massa crítica para realmente chegar no potencial.
MFT – Por que cada vez mais organizações de e-sports estão olhando para criptomoedas, NFT e blockchain? Qual o nível de adesão desse público a essas tecnologias?
Claudio – O público gamer é o público mais apto a investir e entender todos os temas de Web3, NFT e blockchain. É um público que há mais de 15 anos já entende o que é ter um asset puramente digital e a comercializá-lo com outros avatares. Então a fricção de educação é muito menor e o medo da tecnologia também. Como os negócios de e-sports se tornam cada vez mais competitivos e com necessidade cada vez maior de receita é natural para as organizações olharem para esse segmento e para o seu público e entenderem que talvez aqui elas tenham uma fonte de receita perene e com aceitação.
MFT – Pode comentar um pouco sobre como Web3 vai impactar a dinâmica das marcas e dos negócios?
Claudio – A Web3 tem diversas aplicações diferentes que podem beneficiar e agilizar a vida de marcas e negócios. Coisas simples como entradas para eventos, brindes e até programas de fidelização agora podem todos ser transformados em NFT. Além disso garantias de origem, garantias de exclusividade, entre outras também podem ser garantidos por smart contracts e registrados na blockchain. A velocidade que essa informação viaja e a certeza da sua autenticidade vai agilizar diversos processos internos de empresas e anunciantes. São possibilidades muito amplas em quase todas as áreas de negócio e estamos apenas começando a entender até onde podemos chegar. Mas ao passo que a nossa vida se torna cada vez mais digital e nossos avatares cada vez mais importantes, NFTs e bens digitais acompanham essa tendência e vão ganhar espaço em campanhas.
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MFT – Pode dar alguns exemplos da conexão entre games e Web3 e casos um pouco mais maduros envolvendo novas dinâmicas digitais?
Claudio – Acho que os maiores exemplos de games e web3 ainda são os jogos Play To Earn, que surgiram como um grande fenômeno em 2021, mas acabaram perdendo um pouco de credibilidade com alguns casos de tokens que perderam valor e investidores que perderam dinheiro. Mas mesmo com esses issues de credibilidade de um segmento tão novo, conseguimos enxergar a usabilidade. O fato de a economia in-game ser gerida na blockchain abre diversas possibilidades ao jogador de realmente poder transformar as horas que passa jogando em um asset econômico, quanto mais forte é o seu personagem e suas conquistas dentro do jogo, mais valor ele tem. E se o jogador parar de jogar, esses assets podem ser comercializados.