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Cannes: o impacto da digitalização na relevância do PR

Do marketing à publicidade, do growth às áreas de vendas. Não há disciplina no mundo dos negócios que não tenha sido afetada pela digitalização dos últimos anos. Tecnologia, novos hábitos, reestruturação por completo de diversas práticas corporativas. Ser uma marca nestes tempos se tornou um desafio mutável e constante, e o PR, ou relações públicas, na expressão em português, também vive sua transformação.

De acordo com Eduardo Vieira, sócio-fundador e co-CEO do Grupo Ideal, jurado da categoria de PR do Cannes Lions 2021, em tempos de mudanças e crises, a disciplina se tornou ainda mais estratégica, sendo foco direto do C-Level. Ao Marketing Future Today, Eduardo fala sobre os impactos da pandemia no trabalho dos profissionais de PR e as expectativas para o retorno do festival.

Marketing Future Today – Como é ser jurado de uma edição que volta de um hiato e que, de certa forma, se torna histórica, o que todos esses desafios do próprio festival em se realizar ilustram sobre os impactos que o mercado vive?
Eduardo Vieira – O primeiro sentimento é de orgulho. Não só por representar o Brasil no maior festival de criatividade do mundo, a grande referência que dita os rumos da indústria global de comunicação. Mas justamente por quê #vaiterCannes. Ninguém digeriu bem a ausência do ano passado, sobretudo se você colocar o hiato na perspectiva da amarga realidade que vivemos. Foi o biênio mais desafiador da minha geração, em todos os aspectos. Então só de ver Cannes acontecendo novamente já dá uma sensação de vitória. Depois, bate um sentimento de desafio. Ver como vai ser o festival digital, adaptado à nova realidade. Examinar os trabalhos, que – suspeito – devem ser campeões de inspiração. E descobrir quais vão ser as tendências apontadas.

“Em última análise, PR ajuda a construir a reputação de uma organização, empresa ou pessoa, exercendo um papel de influenciar conversar. É uma atividade de suma importância, e não vejo esse papel diminuindo num futuro próximo”

MFT – Neste mesmo contexto de pandemia, o PR tomou proporções inimagináveis em termos de gerenciamento de crises, contingências e novas estratégias, o que você diria que são os principais desafios e oportunidades trazidos ao PR neste período?
Eduardo – Nunca foi tão difícil, nem tão recompensador, trabalhar com PR. Primeiro porque a disciplina ganhou uma importância estratégica sem precedentes com a pandemia, sendo pauta não só do C-level, mas dos conselhos de administração. Em segundo lugar, porque o mundo mudou – e demanda como nunca a presença de valores como legitimidade, autenticidade e o velho e bom ” walk the talk” por parte de pessoas e empresas. A oportunidade de estar cada vez mais próximo do centro estratégico das empresas, atuando como um “selo de certificação”, vamos dizer assim, de todas as iniciativas de comunicação, é algo que me parece irreversível. E essa oportunidade traz o enorme desafio de cumprir com responsabilidade esse novo papel do PR.

MFT – Como o mercado brasileiro evoluiu na compreensão do Earned Media e de que maneira a tecnologia, bem como a proximidade das marcas com o público possibilitou um boom de possibilidades neste sentido?
Eduardo – Hoje todo mundo parece ter entendido que, se não existir Earned Media, não existe repercussão à altura. Conquistar visibilidade é um termómetro do sucesso de qualquer iniciativa, e o PR moderno trabalha nesse sentido já há algum tempo. Até por isso mesmo, é impossível atingir uma boa repercussão sem utilizar tecnologia. Desde a básica – que inclui monitoramento, rastreamento de conversas, medição de impactos – até a mais sofisticada, com machine learning, avatares etc. É uma tendência sem volta, que a indústria começa finalmente a abraçar.

“A disciplina ganhou uma importância estratégica sem precedentes com a pandemia, sendo pauta não só do C-level, mas dos conselhos de administração”

MFT – Como você enxerga o que chamamos de PR, hoje, nos próximos dez anos?
Eduardo – Em última análise, PR ajuda a construir a reputação de uma organização, empresa ou pessoa, exercendo um papel de influenciar conversar. É uma atividade de suma importância, e não vejo esse papel diminuindo num futuro próximo. Muito pelo contrário. A importância da disciplina só vai aumentar. E ela deve crescer no ritmo das evoluções tecnológicas.

MFT – E o que você espera dos trabalhos a serem julgados este ano?
Eduardo – Uma inspiração sem igual. Está todo mundo mexido, diante de um fenômeno que alterou nossas vidas para sempre. Espero que isso se reflita nos trabalhos, como uma espécie de resposta contra a pandemia – e um farol de como vamos nos comportar no futuro.

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