Há um ano na presidência da WMcCann, André França sempre direcionou sua carreira para uma imersão no mundo dos dados. Hoje, como líder de uma das maiores agências da América Latina, ele celebra o legado do mercado, reforça o atual contexto econômico e destaca a importância da cultura e filosofia da agência.
“Estou buscando trazer mais espaço para eficiência operacional e integração, com automatização, estabelecimento de uma rotina de captura de dados com mensuração, data lake estruturado para geração rápida de dashboard, criação de sistemas para integrar finanças, RH e demais áreas específicas”, diz André ao Marketing Future Today. André também ressalta a importância de olhar para novos conceitos e tecnologias. “É fundamental separar uma parte do investimento para apoiar tecnologias como o metaverso, por exemplo.”
Marketing Future Today – Pode comentar um pouco sobre este um ano à frente da agência, como tem sido essa experiência e para onde está direcionada sua agenda?
André França – Antes de tudo, gostaria de falar um pouco sobre a minha formação e carreira, que diz um pouco sobre este momento que vivemos. Eu vim de uma família humilde, que afortunadamente acreditava em educação. Sempre fui bem em exatas, me formei em eletrônica em uma escola referência. Mas meu sonho era estar próximo da comunicação. Migrei ouvindo que mídia seria uma das áreas mais estratégicas. Desde então, fui um dos fundadores da LOV, trabalhei oito anos na Nestlé, tendo a oportunidade de conhecer o lado do cliente, e ingressei na WMcCann como diretor de mídia. Após um tempo, eu estava meio desiludido com o mercado e já pensando em sair e ir dar aula, mas mudei de ideia com a chegada do Hugo Rodrigues. Ele me mostrou que havia uma identidade clara de que tudo aquilo que eu acreditava em relação a dados, digital, plataforma, negócios ele também acreditava. Um tempo depois, fui promovido a VP de Mídia & Dados e, em 2021, ele me escolheu como Presidente, entre tantos candidatos. Ele sempre foi meu maior apoiador, uma pessoa inspiradora, enérgica, com um olhar à frente.
MFT – Como esse movimento contribuiu para sua transição?
André – Esse movimento foi feito mirando acelerar a cultura de dados e tecnologia para os clientes, neste mercado que caminha a cada dia para a metrificação. O meu trabalho este ano foi manter a filosofia de que nosso melhor resultado é o resultado dos nossos clientes. Estou buscando trazer mais espaço para eficiência operacional e integração, com automatização, estabelecimento de uma rotina de captura de dados com mensuração, data lake estruturado para geração rápida de dashboard, criação de sistemas para integrar finanças, RH e demais áreas específicas. Além disso, queremos ter uma equipe cada vez mais multidisciplinar e diversa, pois quanto mais plural o time, melhor o resultado do trabalho. Neste ano, também ficamos muito felizes com resultados das nossas marcas, como Pilotas de GM, que aumentou em 167% a intenção de compra do público feminino de Tracker, consolidação da mesa de negócios do Banco do Brasil, Americanas como a marca mais querida do BBB, Seara com recorde histórico em preferência, entre tantos outros.
MFT – Como o mercado vem se retomando neste pós-pandemia e como têm sido os últimos meses da agência neste sentido?
André – Tivemos, sim, uma volta dos investimentos de mídia e comunicação, mas que agora estão ameaçados pelo fantasma da inflação e alta dos juros e por fatores como a guerra da Ucrânia e a disputa eleitoral polarizada, que pode gerar novas restrições nesta retomada. Assim como acontece na WMcCann, vemos os investimentos nos meios digitais ganhando importância, segundo o CENP-Meios – a movimentação em compra de mídia para internet cresceu 74,2% de um ano para outro – o que diz muito sobre a mudança de comportamento do consumidor.
MFT – A WMcCann segue como líder em volume de negócios do mercado brasileiro. Ao que se deve esse reconhecimento?
André – Acreditamos na confiança dos nossos clientes e na dedicação do nosso time na busca dos melhores resultados para cada um deles. Buscamos olhar para o cenário de maneira mais estruturada e menos intuitiva, unindo dados, tecnologia, negócios e criatividade. Foi mais fácil pra mim, pois o Hugo já me entregou a agência como primeira do ranking (risos). Mas essa primeira posição não é um objetivo, entendemos que seja a consequência, e que isso só aumenta nossa responsabilidade com a excelência em cada entrega.
MFT – Como vocês estão enxergando o mercado para o segundo semestre e quais as oportunidades que estão por vir?
André – O cenário ainda é de cautela, com oportunidades e ameaças. De modo geral, vemos um segundo semestre marcado pela crise econômica e um ambiente político polarizado, com impacto nas redes sociais. Também vemos temas como ESG, Web3 e metaverso crescendo. Acredito que seja interessante separar uma parte do investimento para apoiar tecnologias como o metaverso a fim de explorar possibilidades, testar, aprender e se preparar para o futuro. Quando vemos temas como diminished reality e assisted reality tomamos consciência de que a tecnologia está nos moldando e que a realidade vai ser outra. Temos que nos preparar cada vez mais para lidar com ela.
MFT – Considerando tecnologia, novas demandas de negócios e o atual momento dos clientes, o que tem sido demandado da parte dos clientes?
André – Os clientes pedem por iniciativas full funnel que tragam resultados eficientes de negócios. Temos que pensar em toda a etapa da jornada de compra, desde o conhecimento (awareness), consideração, até chegar à conversão. Ela passa por essas três etapas, com uma estratégia de canais com base na jornada do consumidor. Diante disso, o estudo de modelos econométricos e atribuição data-driven farão parte do nosso cotidiano, além da maturidade do uso de ferramentas de “marketing automation”.